quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Débil

Eu, que sou feio, sólido, leal, 
A ti, que és bela, frágil, assustada, 
Quero estimar-te sempre, recatada 
Numa existência honesta, de cristal. 


Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'


Com esta parte do poema Cesário Verde quer mostrar "A Débil" é uma mulher da cidade que não lhe pertence, sente-se apaixonado por ela, mas é sem dúvida um amor proibido. Para ela "A Débil" é uma mulher perfeita, que ele quer estimar e por numa "redoma de cristal", esta é uma mulher frágil.

O poeta mostra-se vulnerável ao escrever sobre esta mulher, ela consegue ter muita influência sobre ele, não se acha bom para ela, pois ela é a perfeição.





" Além de ser uma réplica do realismo irónico Queirosiano (...) o realismo lírico de Cesário Verde será o seu esforço de autenticidade anti-retoricista, com versos magistrais, salubres e sinceros" 

Cesário Verde tem uma visão objectiva da realidade e reflecte sobre o progresso e evolução da sociedade, através disto faz uma reflexão critica sobre a sociedade.
Para Cesário Verde, ver é perceber o que se esconde na realidade, este capta as impressões que as coisas lhe deixam, analisa minuciosamente através dos sentidos e interpreta com grande nitidez. É considerado um "lírico realista" poeta do quotidiano. Torna-se realista pela sua visão critica de sociedade. 
Cesário usa uma linguagem objectiva e imagens extremamente visuais de modo a dar uma dimensão realista do mundo daí ele ser chamado de "poeta-pintor".


segunda-feira, 30 de março de 2009

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (1810-1877) nasceu em Lisboa. Devido ao seu envolvimento na «Revolta do 4 de Infantaria», é obrigado a emigrar para Inglaterra. Lê Walter Scott. Inicia a sua colaboração no Repositório Literário. Integra-se no exército liberal de D. Pedro IV, desembarca no Mindelo e participa no cerco do Porto. Ajuda a organizar a Biblioteca Pública do Porto. Em 1839 é nomeado director das bibliotecas reais das Necessidades e da Ajuda. Entretanto vai publicando algumas obras: A harpa do crente(1837), Lendas e narraivas (2 volumes, 1839-1844), Eurico, o Presbítero (1844), o primeiro volume da História de Portugal (1846), O Monge de Cister (1848), etc. As suas obras são de cunho romântico e vão desde a poesia ao drama e ao romance. Foi, além de um dos mais importantes escritores portugueses do século XIX, o renovador do estudo da história de Portugal.


Eurico o Presbítero, trata-se de uma obra-prima romanesca de Alexandre Herculano editada em volume em 1844. Considerada como uma espécie de "crónica-poema" ou poema épico em prosa, debruça-se sobre o período de transição entre a monarquia visigótica e a invasão da Península pelos árabes (séc.VIII). A acção central gira em torno dos amores irrealizados de Eurico. Filhos de famílias com origens sociais diferentes, Hermengarda e Eurico estavam enamorados, mas o pai desta não consentiu no casamento. Desiludido, Eurico torna-se presbítero e, como guerreiro, participa na luta contra os visigodos. Transformado em herói, decide libertar Hermengarda, aprisionada pelos árabes. Leva-a até à gruta de Covadonga onde ela acaba por reconhecê-lo após dez anos de ausência. A impossibilidade de realizarem o seu amor leva Hermengarda à loucura e Eurico a entregar-se voluntariamente à morte. Alexandre Herculano pretende evidenciar os malefícios do celibato sacerdotal e fazer uma análise histórica da época a que se reporta.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Bernardim Ribeiro (Menina e Moça)

As informações relativas à vida deste escritor renascentista são quase nulas. Presume-se que terá nascido por volta de 1482 e frequentado a universidade entre 1507 e 1512. Em 1524 foi nomeado escrivão da câmara de D. João III. Desconhece-se igualmente a data da sua morte. Alguns autores situam-na por volta de 1552; no entanto, na écloga Basto, redigida antes de 1544, Sá de Miranda refere-se ao seu "bom Ribeiro amigo", dando-o como falecido.
Menina e Moça, romance de Bernardim Ribeiro, editado por três vezes no séc. XVI: 1554 (Ferrara, com o título História de Menina e Moça), 1557-58 (Évora, com o título Saudades) e 1559 (Colónia, a partir da 1.ª edição), incluindo a 2.ª edição um prolongamento, que se costuma aceitar como sendo do autor, até ao cap. XXIV.
Bernardim Ribeiro foi um escritor português renascentista. A sua principal obra é a novela Saudades, mais conhecida porém como Menina e Moça (da primeira frase da novela, que se tornou um tópico da literatura portuguesa: Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe...).
«Menina e moça» alimenta de igual modo o seu carácter misterioso na escassez de dados biográficos relativamente ao seu autor, no desconhecimento da extensão efectiva do romance, objecto de diversas versões, e no estilo peculiar de que a sua escrita se reveste.